terça-feira, 20 de abril de 2010

Odisséia mais-que-noturna

[Por favor... Não confundam "tchan-tchan-tchan-tchan" com a derivada e degenerada onomatopéia que designa a apresentação de forma infantil ou jocoso-débil. Estou referindo-me à Sinfonia nº 5 de Beethoven, assim, enérgica e totipotente - para uma idéia mais concreta, ver a marcha nupcial em Die Klage der Kaiserin, parte 5, minuto 5 e tantos]. Ah, sim, os princípios do periculosismo: maximização do sofrimento; obstaculização do necessário; imperativo do constante perigo e temor. Eis a trindade, eis os pilares que deverão reger sua vida a partir de... agora. Não se assuste, aderir a isso é uma simples questão de sabê-lo. Quando me dei por conta, eu já o vivia e já o fazia como uma das principais razões do meu humor: começou com o fosso incrustado de ossos pontiagudos próximo aos bares, o copo envenenado somente em uma parte das bordas, mais ossos pontiagudos adornando as traseiras e frentes dos carros... Então vi que não conseguia mais parar e procurei ajuda. Hoje, sei que devo, não abster-me, mas minimizar essas práticas compensando-as com insumos quí... Bom, não sei se há necessidade de maiores explicações. Observe que há uma gama quase infinita a ser explorada (ventiladores de teto com lâminas, janelas com guilhotinas, filas de banco entremeadas por campos minados, balcões de informação cravejados intermitentemente de pregos, escadarias móveis ou sacolejantes, etc.). Basta apelar para a dor e à frustração.

Sem dúvida que você encontrará outras maneiras de concretizar por meio da imaginação os princípios do periculosismo. Tudo o que queremos é um mundo mais difícil e absurdo, onde qualquer possibilidade seja constantemente obliterada e obscurecida em uma nuvem de perigo, medo e morbidez, burocrática ou não.

Um comentário:

Nina. disse...

há quanto tempo resolveu-se? dei-me conta de que há anos faço experimentos práticos que me darão base empírica para uma tese periculosista.