segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Pavão misterioso

Pássaro formoso. Pois é assim; toda vez que estou numa loja de roupas, desesperada e impacientemente escolhendo algum modelito que me sirva, o vendedor interpela-me com uma do tipo: "Você é daqui de Maringá, mesmo?". Ora, o que isso quer dizer? De onde será que pareço proceder? Estrangeiro? Provavelmente não. Curitibano, paulistano, brasiliense, carioca? Oxalá que sim! Mas... provinciano? De vila? Já me chamaram de católico, vendedor de CD pirata e até de estudante de educação física. Mas de provinciano seria uma ofensa de trancar-me no banheiro (na verdade eu me trancaria no quarto; prefiro o conforto da cama do que o duro assento do vaso). Mas a questão é: por que enredo de samba não aparento ser maringaense (pois de fato não sou)? Não ando por aí com mala. Humpf! Sinto ímpetos de desprezar essa cidade de gente com cara de barro. Mas vamos lá, vamos tentar não compreender a situação (:D). Pena que me peguem sempre de surpresa, e eu, no susto, respondo: "Sou". Na próxima vez eu lhe perguntarei de onde ele acha que saiu este objeto. Então, esperarei tenso ou ansioso pela resposta. Seja o que vier, assumirei de bom grado a nova roupagem. Quem sabe até role uma devolução. Ou não, vai que de repente... Afinal, quem não deseja ser uma espécie exótica da Amazônia? Eu que não.

domingo, 22 de novembro de 2009

Serial killer em Marte

A história que se segue é de um filme cuja lembrança me veio hoje. Faz muito tempo que assisti, e não me lembro de detalhes. Por isso, não me peçam explicações, que eu ainda não as encontrei. Peço, antes, apenas um pouco de respeito, concatenação e corolários. Juro que não serão necessários, mas confiem em mim; algumas passagens talvez possam... Bom, penso não pedir muito. Acho que é tudo. Tirem seus chicletes/halls das algibeiras, meus caros, que lá vem:

Assim assim, uma espaçonave foi enviada em missão à Marte. Tudo corria bem, carinhas ansiosas e aventureiras, até que... Entretanto, após passar por turbulências procelárias ao atravessar a densa atmosfera marciana (sei lá, ok?), caiu desastrosamente no solo marciano. Com a queda, a missão restara absolutamente incomunicável. Não havia como contatar com a Terra, pois alguma coisa ali quebrara. A situação era desoladora (o diretor podia ter explorado mais os sentimentos de desolação e de alienação, mas não: a tripulação age como se tivesse caído no Afeganistão). Não me lembro o motivo que os levou a sair da cápsula ou... Mas, tcharam! A sorte deles é que o ar era assim assim respirável. Ora, mas que legal! Agora só restou saber como lidar com o frio extremo e a radiação. Mas isso não importa, os problemas com temperatura ficariam completamente esquecidos diante de um inesperado perigo. Sim, o robô, devido a panes em seu sistema, desenvolvera tendências psicopatas.

O robô, até então enviado com a missão para fins meramente científicos e pacíficos (caso encontrasse acólitos de Ares vivendo em tendas no deserto marciano), rebelou-se contra o julgo dos algozes humanos, e resolveu barbarizar com a tripulação sobrevivente. Aproveitando-se de sua relativa impunibilidade, saiu pelos páramos vermelhos matando um a um. Implacável máquina a persegui-los, o robot revelava a mais nefasta parte de seus circuitos. Ele não só matava como também filmava os derradeiros gemidos de suas vítimas. Sim, ele queria que o outro astronauta assistisse a seu amigo morrer. Sim, ele estava equipado com instrumentos mortais. Sim, era assustador, e a situação dos sobreviventes era tensa.

Bom, vamos dar um end nisso. Após muitas estripulias, o astronauta sobrevivente conseguiu, enfim, destruir o robô com uma arma branca. Mas, tcharam! Há outra ameaça em Marte. Terríveis hordas de insetos rastejadores devoradores de tudo (a fauna e flora do planeta resumiam-se em líquenes e nesses besouros) perseguiam-no. Mas, zaz! Ele consegue fazer uns improvisos na nave, conecta tubo de combustível aqui e ali, e a nave decola, em um aliviante retorno para a Terra.

É claro que não contei a parte do cientista-astronauta-idiota que atrapalha tudo ao tentar levar um desses temíveis insetos para a Terra (ele perecerá em Marte comido por eles). Creio não necessitar de muitas explicações...

PS: Eu não lembro do nome do filme, o que é uma pena.
PPS: Não vai querer fazer isso, heim, R2-D2!...
PPPS: É que eu sempre desconfiei daquele aspirador-de-pó...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Dano qualificado contra patrimônio público

Essa é a segunda vez que me surpreendo com páginas arrancadas. Mas não foi apenas um trechinho sem importância, como anteriormente, e sim três folhas inteiras miseravelmente vilipendiadas. Pergunto-me se acaso o sujeito ativo do delito (observem eu usar e abusar de expressões jurídico-penais) sabe que o xerox fica apenas a dois lances de escada+corridinha de corredor. E não é caro, não: gastaria insignificantes trinta centavos. Porém escolheu o caminho do crime, e sua conduta horrivelmente delituosa e (por quê? porquê?), certamente, dolosa recaiu sobre um bem público de uso comum: livro de biblioteca (art. 163, § 1º, III do CP).

A duras custas aprendo que as outras pessoas não pensam/agem como eu. Mas fazer algo assim? Por quê? Por quê? Que motivo levaria uma pessoa a arrancar brutalmente trechos de um livro de uso comum? Aliás, por que alguém danificaria um livro, esse objeto sagrado? Pelo simples prazer de saber que o próximo leitor inevitavelmente broxará ao se deparar com o feito? Para fixar o fragmento na sua parede, ao lado de seus pôsteres bregas? Usaria como lenço de papel, numa inequívoca manifestação de protesto contra o livro? Enfim, não consigo encontrar uma explicação racional. Eu, ao menos, quando leio algo que me agradou, não tenho ganas de arrancá-lo...

Espero que o agente em questão compreenda que toda sociedade erige seus inimigos, e, por conseguinte, toda pessoa erige os seus inimigos. Sem dúvida alguma, ele é, a partir desse sórdido momento, meu inimigo, e não hesitarei em vingar-me (uso arbitrário de suas próprias razões - art. 345, CP). Entenda, meu caro, que se trata de legítima defesa, afinal, é nosso dever, como continuadores do código genético, a eliminação daqueles que nos turbam a liberdade de ler um livro em sua integridade.

PS: e só pra constar, ontem eu ri de montão, ok? (raios de inveja).
PPS: aliás, já ia me esquecendo que o delito em epígrafe acarreta detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa; só pra deixar avisado os possíveis delinqüentes que infestam nossas boas e renomadas bibliotecas.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Pró-Futuro e Além

Bom, até onde me guia a cegueira, todos nós sabemos o quanto o passado é brega, obscuro e desconcertante; sempre. O presente, vocês sabem, é aquela lástima, pão com margarina, mendiguinho espetando seu olho. É ou não é, gente? É! Então, por exclusão, o que sobra? O futuro. Ora, e não é sempre a melhor parte? A mais querida, a mais esperada, a mais... Não é por mera veleidade que se declara que o futuro deve ser nossa maior preocupação. Não! Alguém aqui duvida que o homem jamais teria chegado à Era Espacial se jamais houvesse planejado a colheita da próxima safra (hum... Rio Nilo)? Além do que, a moderna ciência já nos permite aferir, com segurança, que o futuro é tão real quanto o presente. E, muito mais além, podemos até dizer que toda a realidade reside, de fato, no futuro; ou, talvez, que justamente o presente é função do futuro. Quanto ao passado, esse não existe se podemos destrui-lo. Bom, sem mais delongas, passemos aos nossos objetivos.

Todos nós sabemos (risadas incômodas) que a Terra não durará para sempre. A Terra, meus caros, não é eterna. A lua, um dia, se desprenderá de seu campo gravitacional. Seu núcleo não será para todo sempre quente, um dia se resfriará. E, um dia, o Sol engolirá a Terra. Lembre-se, também, que em breve a Terra atravessará a zona mais conturbada da Galáxia, o que significa que, eventualmente, será atingida por meteoros idôneos a destruir ou turbar a Humanidade. E diante dessa previsão escatológica (risos da platéia), digo, catastrófica, o que fazer?

Pois o partido Pró-Futuro e Além tem a resposta. Está claro que o destino da Humanidade não pode mais estar ligado ao de Gaia. Com todo o respeito, a Humanidade não pode mais depender de circunstâncias que ela simplesmente não criou e não pode controlar (o Universo, por exemplo, é uma dessas coisas). O que fazer, então? As soluções talvez não sejam simples, ou muito menos palpáveis às nossas curtas existências (porém isso não importa; basta recordar que estamos projetados para o futuro), mas são absolutamente exeqüíveis, e podem/devem começar desde já.

Antes de tudo, devemos fortalecer o poder da ONU e aumentar consideravelmente os efetivos das tropas de paz. Na verdade, os efetivos militares devem, gradualmente, restringir-se à ONU. Ora, o que isso significa? É exatamente isso: a criação de um governo global. Só assim poderemos aproveitar todo o potencial econômico e humano que nos reserva o planeta, sem os incômodos entraves que as rebeliões regionais poderiam obstar-nos. A Humanidade, assim unida, seria capaz de perpetuar-se indefinidamente para lejos de nosso pequeno sistema solar.

Em segundo lugar, urge a ocupação militar (precaução nunca é demais) de Marte. Ao contrário do que muitos pretendem, não é nossa intenção "terrificar" o planeta (além de despender de um tempo que nós certamente não temos, isso significaria apenas a reprodução de um problema que estamos tentando eliminar). Na verdade, o que pretendemos é drenar todos os seus recursos minerais para a consecução de nosso plano final: a construção de uma nave-planeta. Feita por humanos e para humanos, vagando indefinidamente pelo espaço, esse monstro tecnológico possibilitaria à Humanidade sobreviver à inevitável e lenta degradação do Universo.

Por último, e talvez o mais importante, lançaremos a Terra de encontro ao Sol. Incinerada, poderemos vagar, enfim, em paz pelo Universo, pilhando alguns planetas e pulverizando-os logo após.

Talvez muitas coisas aqui ficaram de fora (desenvolvimento de tecnologia que nos permita criar nossos próprios componentes químicos, criação de estrelas artificiais, manipulação de buracos-negros, eliminação de documentos que se tornem obsoletos, etc.), mas penso que consegui transmitir-lhes o essencial.