domingo, 23 de maio de 2010

Quando o teflon não mais existir

Pelo desgaste do constante usar, então perceberás que a sua frigideira não era eterna. Parece triste, mas não sou eu que escrevo o roteiro. Se fosse eu o autor, eu certamente não teria posto teflon. Eu faria uma panela absolutamente simples, mas durável. E por durável entenda-se algo que não se consome em alguns anos, mas algo que possa sobreviver tempo suficiente para servir de legado ao museu local. Eles não têm lá algo muito interessante a ser mostrado, de qualquer modo (ainda lembro de uma exposição, de caráter muito duvidoso, que veio apresentar-nos os sapatos de cristal da Cinderela - é, eu acreditei).

Eu não! Porei teflon, imagine que não!... As facilidades da tecnologia não devem ser descartadas. Pelo contrário, devem ser maximizadas até que possam substituir toda a força animal. Teflon nos bancos dos carros: você dirigirá escorregando, eu diria dançando muito loucamente enquanto aprecia os acidentes, digo, a paisagem. Teflon no chão da cozinha, nos corredores do colégio, nas escadas, no fórum, na prisão: todos dançando loucamente. Dancem! Dancem! Teflon é mesmo uma maravilha, é preciso saber apreciá-lo, seja na fluidez de um hambúrguer deslizando em sua própria gordura, seja na candura de uma lambada.

A força animal deve ser eliminada. Não há natureza que possa ser conhecida. Creiam-me, é tudo falácia qualquer coisa que se diga a respeito de uma natureza humana; ninguém sabe o que é isso. Ninguém gosta e nem nunca gostou do trabalho árduo, sofrido e repetitivo. Eu ainda não tive notícias de uma elite baseada no trabalho manual... Dancem! Dancem! Teflon faz bem. Mas ele também será substituído.

PS: Finaliza-se a presente cena com todos dançando sobre teflon. Eu elejo o fórum, pois acho divertidíssimo, mas pode ser qualquer outro lugar e... Mas, heim! Eu estou ouvindo gente gritar, mas não estou ouvindo gente dan-ça-ar!

2 comentários:

Nina. disse...

Na casa da dona Lia as panelas tem mais de 40 anos. Foram compradas dos ciganos. Não porque ela quis, mas porque tinha medo de eles lhe jogarem pragas. São de cobre. O único inconveniente é ter de secá-las no fogo.

esse imperativo - dancem, dancem, dancem! - lembra-me a Carla Feliz.

Gustavo disse...

Pois pra mim lembra Joy Division (momento de citar bandas gratuitamente).