Atado à cauda em brumas de trêmulo peixe
Sobre as mesmas pedras sibilante circulo
Qual fantasma sem sonhos de lúgubre azul
Que no vazio das órbitas fundas em luto
Sacode-se desfeito em véus sem som ou luz
Dos frios cristais contra o meu peito insepulto.
O meu crânio ardeu ébrio do noturno trago
Os mudos lábios desvanecidos em névoas
Nas bordas em lâminas de um cálice incauto,
E soturnas contornaram as rodas férreas
O périplo das estrelas mortas nos passos
Descarnados do destino fremente em trevas.
Agitam-se as palmas áridas e sem cor
Atrás do vitral partido em vozes sem rosto
Que murmurantes rastejam folhas de sangue
Em vão pelas réstias esquecidas dos rotos
Vórtices de sol acendidos sobre o estanque
Lago onde agora jazem em sombras envoltos.
Antes jamais houvesse em fulgor fustigado
Pelos cabos gotejantes de claros ventos
Tremeluzente íris de tergiverso fado
Sobre o orvalho esvoaçante em meu degredo,
Do que saber-me agora em cinzas transtornado
Dos ásperos anéis de cobre ferrugento.
Fantasma que em pálidos sussurros transpõe
A garganta das escuras águas moventes
Em lentos braços agonizantes em vida,
E os gélidos pés que em desalento dormentes
Vão-se vaporosos pelas rochas esguias
Do cálido seio feito pórtico ausente.
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