Filosofias utilitaristas são bastante razoáveis. Eu mesmo raramente consigo evitar um pensamento utilitarista, e freqüentemente acho que o útil é sempre o melhor critério para tomar decisões. Mas é uma idéia tão feia que eu prefiro tangê-la só de leve, e quando tento me esquivar, pareço mais como alguém que sustenta bolinhas de Natal no ar. Fútil? Talvez. Mas veja pelo meu ponto de vista. Se tudo está lentamente se deteriorando (tudo, tudo mesmo), então não é lógico concluir que toda utilidade no fim será inútil? Meus valores são muito melhores, ainda mais quando me pego no mais flagrante pensamento acrítico, e não se preocupam em serem úteis, pois sabem que tudo termina e que nenhuma utilidade pode ser útil por muito tempo. Não é difícil imaginar como o útil pode levar a uma conclusão absolutamente absurda, dependendo apenas do ponto de partida que se toma.Se visássemos apenas o útil, restaria saber a que fim.
Por exemplo, o Estado não precisa submeter toda a população a uma cirurgia nos olhos para que vejam tão somente em preto e branco e assim não precisem mais gastar dinheiro com tintas. Mas se o fizesse, não estaria sendo útil? Afinal, gasta-se muito tempo, imaginação e recursos naturais com algo que pode ser dispensado. Da mesma forma, o Estado não precisa ser uma agência bancária onde você pode sacar mensalmente a sua parte nos lucros. E se assim fosse, também aqui não se vê na justificação do Estado como uma utilidade para o indivíduo? Não é isso ser útil? Mas o Estado não é o cocho do povo, nem tampouco é uma espécie de forno que precise ser constantemente alimentado. Não, Estado. Senta aqui que eu lhe explico: você não é apenas uma utilidade, nem é um fim último como é a fabricação de um móvel para um carpinteiro. Você é um fim que, digamos, consuma-se a cada instante. Bom, na verdade nunca se consuma, nem mesmo você é um fim, e o verbo melhor seria: Estado, você se realiza. O Estado não é somente uma utilidade para mim e para você, mas algo que se realiza. Se bem que acaba de ocorrer-me que isso pode não ser mais verdade quando todo o aparato estatal for controlado por robôs, e é bom não duvidar.
Por exemplo, o Estado não precisa submeter toda a população a uma cirurgia nos olhos para que vejam tão somente em preto e branco e assim não precisem mais gastar dinheiro com tintas. Mas se o fizesse, não estaria sendo útil? Afinal, gasta-se muito tempo, imaginação e recursos naturais com algo que pode ser dispensado. Da mesma forma, o Estado não precisa ser uma agência bancária onde você pode sacar mensalmente a sua parte nos lucros. E se assim fosse, também aqui não se vê na justificação do Estado como uma utilidade para o indivíduo? Não é isso ser útil? Mas o Estado não é o cocho do povo, nem tampouco é uma espécie de forno que precise ser constantemente alimentado. Não, Estado. Senta aqui que eu lhe explico: você não é apenas uma utilidade, nem é um fim último como é a fabricação de um móvel para um carpinteiro. Você é um fim que, digamos, consuma-se a cada instante. Bom, na verdade nunca se consuma, nem mesmo você é um fim, e o verbo melhor seria: Estado, você se realiza. O Estado não é somente uma utilidade para mim e para você, mas algo que se realiza. Se bem que acaba de ocorrer-me que isso pode não ser mais verdade quando todo o aparato estatal for controlado por robôs, e é bom não duvidar.
De qualquer modo, estarei aqui: "Eu jogo golfe assim. Você joga assim" [dá uma rebolada e finge acertar uma bola com o taco]. Por que mesmo? Porque eu acho que a minha opinião nunca vai ser lá muito fixa, e, no entanto, estarei esperando, nos jardins do monastério, depois do arco de pedra, atrás do carvalho sem rosto.
Um comentário:
Eu não estou me sentindo muito bem depois de ler isso. Tenho epifanias imbecis, que são esquecidas no instante seguinte.
Isso parece muito com você. E tem a qualidade de costume.
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