" - Bonjour, mon ami! Je m'appelle Michel Durand. Je suis français, j'ais quarante ans et je suis ingénieur. Je suis marié et j'ai deux enfants. Je suis né le quatooooooo!!!!..."
E é assim que sou apresentado a uma simpática baratinha (e, não, isso não foi um grito, mas mera elevação do tom de voz; eu raramente grito; aquela noite em que eu acordei com um grito foi algo inédito na minha vida, por favor, Sr...). Prontamente meu instinto infantil alertou-me de uma perigosa intrusa que deveria ser imediatamente combatida. De um pulo, interrompi todos os meus afazeres e, depressa, saí correndo em busca do veneno. Já de posse, não me poupei e, barrocamente, espargi litros em cima da nefasta ameaça (aqui o Iluminismo mandou lembranças com seu candeeiro). Não teve tempo nem de fazer suas epopéicas corridas pelos aposentos. Morreu antes que pudesse detalhar completamente seu cartão de visitas. Pronto! Missão cumprida! Lamento tão somente o impacto que sinto sempre que elas aparecem. É uma sensação de repugnância e de desconforto com a natureza, como se essa estivesse sempre na iminência de mostrar-me as bestialidades que cultiva secretamente enquanto durmo (para mais reflexões, leia: KANGUSSU, André. Reflexões sobre a vida. Curitiba: Déjà Lit, nov. 2009).
É de fato uma pena, e peço a mim mesmo mais racionalidade da próxima vez. Afinal, as baratas são tão sórdidas e desprovidas de beleza quanto qualquer outro inseto (com exceção das abelhas, abelhas são amigas). Não há necessidade para tamanha exasperação. Veja bem, eu esmago com os dedos formigas, pernilongos, gafanhotos e até deixo as joaninhas passarem incólumes através dos meus domínios. Com as baratas é diferente. Ninguém que eu conheça mataria uma com as próprias mãos. Mas por que as baratas provocam tanto asco nas pessoas? São tão enojadas e temidas que facilmente viram assunto. Eu sei, eu compreendo. Não ignoro que fedem. Sei que transmitem doenças. Mas esse alvoroço todo chega a ser doentio. Sem contar que, depois de ter matado, demora-se um tempo para esquecer sua presença. E isso não é legal.
Não estou defendendo uma atitude passiva diante das baratas. Acredito piamente na necessidade em exterminá-las da face da Terra. Só gostaria que as pessoas não as tratassem como problemas do mesmo nível de um incêndio. E também, gostaria que não passassem isso às crianças, nosso futuro. Às criamça não vou incutir temor nem asco. Antes, trabalharei para que sintam ódio e destemor por elas. Teria gosto em vê-las correndo atrás das baratas, ansiosos de seu sangue, perseguindo-as implacáveis pela casa. Sua intrepidez seria tanta que fariam um colar de seus crânios e competiriam entre si para ver quem matou maior número. E não sentiriam nenhum nojo, nenhum medo. Está bem, imaginação a parte, só quero que matem baratas como eu mato formigas e outros insetos. Assim, que não se sintam frágeis diante de situações que inevitavelmente acontecerão. Só isso.
PS.: A citação inicial possui efeitos meramente cômicos.
E é assim que sou apresentado a uma simpática baratinha (e, não, isso não foi um grito, mas mera elevação do tom de voz; eu raramente grito; aquela noite em que eu acordei com um grito foi algo inédito na minha vida, por favor, Sr...). Prontamente meu instinto infantil alertou-me de uma perigosa intrusa que deveria ser imediatamente combatida. De um pulo, interrompi todos os meus afazeres e, depressa, saí correndo em busca do veneno. Já de posse, não me poupei e, barrocamente, espargi litros em cima da nefasta ameaça (aqui o Iluminismo mandou lembranças com seu candeeiro). Não teve tempo nem de fazer suas epopéicas corridas pelos aposentos. Morreu antes que pudesse detalhar completamente seu cartão de visitas. Pronto! Missão cumprida! Lamento tão somente o impacto que sinto sempre que elas aparecem. É uma sensação de repugnância e de desconforto com a natureza, como se essa estivesse sempre na iminência de mostrar-me as bestialidades que cultiva secretamente enquanto durmo (para mais reflexões, leia: KANGUSSU, André. Reflexões sobre a vida. Curitiba: Déjà Lit, nov. 2009).
É de fato uma pena, e peço a mim mesmo mais racionalidade da próxima vez. Afinal, as baratas são tão sórdidas e desprovidas de beleza quanto qualquer outro inseto (com exceção das abelhas, abelhas são amigas). Não há necessidade para tamanha exasperação. Veja bem, eu esmago com os dedos formigas, pernilongos, gafanhotos e até deixo as joaninhas passarem incólumes através dos meus domínios. Com as baratas é diferente. Ninguém que eu conheça mataria uma com as próprias mãos. Mas por que as baratas provocam tanto asco nas pessoas? São tão enojadas e temidas que facilmente viram assunto. Eu sei, eu compreendo. Não ignoro que fedem. Sei que transmitem doenças. Mas esse alvoroço todo chega a ser doentio. Sem contar que, depois de ter matado, demora-se um tempo para esquecer sua presença. E isso não é legal.
Não estou defendendo uma atitude passiva diante das baratas. Acredito piamente na necessidade em exterminá-las da face da Terra. Só gostaria que as pessoas não as tratassem como problemas do mesmo nível de um incêndio. E também, gostaria que não passassem isso às crianças, nosso futuro. Às criamça não vou incutir temor nem asco. Antes, trabalharei para que sintam ódio e destemor por elas. Teria gosto em vê-las correndo atrás das baratas, ansiosos de seu sangue, perseguindo-as implacáveis pela casa. Sua intrepidez seria tanta que fariam um colar de seus crânios e competiriam entre si para ver quem matou maior número. E não sentiriam nenhum nojo, nenhum medo. Está bem, imaginação a parte, só quero que matem baratas como eu mato formigas e outros insetos. Assim, que não se sintam frágeis diante de situações que inevitavelmente acontecerão. Só isso.
PS.: A citação inicial possui efeitos meramente cômicos.
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