quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Ensina-nos a rir

Para mim, e eu vejo isso com bastante clareza, as páginas de relacionamento virtual, que estão fervendo por aí, bem como os jogos cada vez mais reais só podem levar a um único destino: MATRIX. Sim, pois, no futuro, a simulação será tão fiel e pujante e arrebatadora que será muito mais sedutor viver em um mundo artificial e perfeito do que suportar essa coisa pegajosa que é a verdade. Sim, senhor. Cada um poderá viver em uma realidade virtual conforme sempre se sonhou. Afinal, concordem ou não discordem, quem não quer uma vida do tipo "eu e os figurantes"? É claro que alguns detalhes deverão ser ajustados antes de começarmos esse grande empreendimento. Primeiramente, sugiro, e aqui é mera imposição, a construção de uma supernave espacial de navegação controlada por inteligência artificial. Não estranhem. Não poderemos permanecer na Terra eternamente pois, infelizmente, ainda não pensamos em nenhuma forma de anular a realidade exterior. Assim, o objetivo dessa supernave espacial seria conduzir-nos seguramente pelos perigos do espaço e, um dia, atingir a zona intergaláctica onde dificilmente seremos perturbados por um evento externo. E pensando nisso, já comecei a sonhar como seria minha realidade virtual. Escolhi viver em Titã, pois, segundo o Sr. Lucas, nessa lua seria facílimo voar usando apenas raquetes de frescobol, devido à sua densa atmosfera e à sua baixa gravidade. Além do que, é provável que possua magníficos lagos de etano e fascinantes criovulcões. Mas enfim, o futuro que nos espera talvez não seja o que os filósofos de antanho sonharam, mas sem dúvida possui sua Glória e Esplendor, com a Humanidade vagando em cápsulas pelas imensidões do Universo, enquanto sonha com visões paradisíacas e (...)
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Diário de bordo, 457/125/30.510.

Querido diário alienígena,

Navegando pelas ermas imediações da Nuvem de Oort nossos avançadíssimos e incompreensíveis computadores detectaram um estranho objeto de estranhas proporções a uma distância aproximadamente de 55 UA alienígenas de nossa atual posição. Os sensores indicam intensas atividades biológicas e de energia de fusão em seu interior, o que muito nos chama cientificamente a atenção pois até o momento não suspeitávamos de nenhuma forma de vida nesse sistema. Estamos polidamente surpresos e curiosos em fazer contato.

Diário de bordo, 468/125/30.510

Nossas tentativas de comunicação com o objeto são um completo fracasso. O objeto limita-se a todo instante a transmitir saudações incoerentes em línguas incompreensíveis. Malgrado o insucesso, nossas expectativas só têm aumentado. Com as informações coletadas não há dúvida de que se tratam de formas inteligentes de vida e estamos ansiosos por trocarmos relações. Estamos enviando expedições de reconhecimento. Não sabemos qual a melhor forma de saudá-los, se lhes mostrando nossas enormes e gosmentas presas, ou se arranhando sua lataria com nossas garras enquanto expelimos ácido sulfúrico pelos nossos muitos orifícios. Aguardamos ansiosos pelo momento. Descobriram quiçá uma forma mais eficaz de virar as panquecas?

Diário de bordo, 005/126/30.510.

Mudança de planos. Decidimos por bem contornarmos a Nuvem de Oort ao invés de encurtar o caminho atravessando-a; quem sabe o que mais podemos encontrar em seu interior. Seria perigoso expor novamente a tripulação a uma turbação dessa magnitude. Os médicos alegam jamais ter observado semelhante fenômeno e não sabem o que fazer. Coisa inédita em nossa espécie, constantemente grossas gotas fluem de nossas cavidades oculares. Estamos imensamente abalados e sem fôlego. Por toda nave encontram-se corpos estirados no chão. Tremem como tomados de uma estranha convulsão; alguns já fracos tentam segurar-se um nos ombros dos outros mas acabam tombando extenuados. Ouvem-se gemidos guturais a todo momento; nem os mais graduados resistiram à loucura coletiva. O que vimos naquele objeto. Dormem como se estivessem mortos. Todos imersos em sonhos. Os sintomas começaram logo após sabermos o motivo de seu estado indolente pelo computador principal. Em cápsulas imersos em mundos fictícios. Estamos partindo imediatamente pois apenas sua vista e já recomeçamos a tremer e a lacrimejar e a soltar grotescos sons cadenciados. Não sabemos em que categoria enquadrá-los. Nunca pensamos que pudesse haver uma civilização assim tão (...)

PS: Aquilo que o alienígena não conseguiu dizer é "a civilização mais patética do Universo".
PPS: Caro Lucas, penso dever-lhe satisfações por roubar-lhe a mui cômica expressão; ei-las.
PPPS: Hum... oralmente parecia mais engraçado.

Um comentário:

Anônimo disse...

eu ri.