terça-feira, 22 de março de 2011

O que farias por um milhão de guaxinins

A insistência de fazer da vida mais insuportável do que já é é um encargo de que me incumbo. Não por cansaço, não por ousadia ou desamor aos valores de nossa sociedade. Mas por ignorância mesmo. Bestial assim como me tomam. Fazer-me tolo e servil ante vossa gloriosa indolência é um regozijo que não encontro em fontes alternativas de energia. Como o carvão. Como as usinas nucleares. Ai, minhas mãos secas de fuligem e esse inefável sabor de derrota. Como poderia viver sem? Como alguém poderia imaginar viver sem? Insuportável em minha grafia e em minha dicção, contorno esses obstáculos tão cuidadosamente postos na esperança de que me edificassem. Mas edifícios já existem de monte, eu digo. A minha construção pessoal eu a toco tão egoisticamente quanto posso, até que eu atinja esse espaço intangível que, gosto de acreditar, foi projetado muitos milênios antes por uma civilização alienígena compadecida de criaturas  do meu tipo. Quero distância e tão só. Seja na lama ou nos páramos em que vos inoculais. Pois tolo igualmente sou, e não faz diferença a forma como se procede. Burrice é uma coisa que transcende níveis culturais.

Ah, modernidade, que me cansa e me atropela. E em não acreditar em minha própria boçalidade, e em descrer de minha própria inaptidão, refestelei-me em meu paiolzinho. Mandem minhas lembranças para os obeliscos, os grandes Budas de pedra. Digam que sempre me lembrarei delas, as pirâmides. Minhas considerações às catedrais, aos arranha-céus. Hoje eu como no cocho.

Um comentário:

Nina. disse...

isso me deixa meio triste. inexplicavelmente triste.