segunda-feira, 23 de maio de 2011

Venham, venham ver

No episódio de hoje (levando-se em conta que, para o bem ou para o mal, eu vivo no Brasil), Sheldon Cooper lançou o seguinte problema:
  1. Em um contrato entre duas pessoas, que chamaremos singelamente apenas para fins didáticos de A e B, B propõe a seguinte cláusula, que deverá ser necessariamente avaliada por ambos antes de encerrado o contrato: "em havendo desacordo entre A e B, de modo que um diga "sim" e outro "não", B decidirá como instância última;
  2. Sendo assim, A, analisando essa cláusula, diz que não concorda. B, ao seu turno, diz que concorda. Desta forma, temos um empate: B diz sim à cláusula e A diz não;
  3. Tendo havido empate, B, então, assume a posição, conforme a cláusula descrita, de árbitro, e decide por sim.
  4. Em decorrência disso, a cláusula é validada e regerá todo o restante do contrato. Basicamente, temos que a única vontade válida é de B.
Acho que, procedendo dessa maneira, a falta de lógica do problema fica bastante evidente. Porém, em defesa de Sheldon Cooper, eu alego que isso só prova que ele é tão humano quanto os demais, não porque seu raciocínio falhou, mas simplesmente porque ele apenas é ilógico quando o interessa ser. Nos demais casos, é infalível e imparcial (talvez atue em defesa do Universo como um todo indissociável, ainda não sabemos).

E é assim que eu salvo a série e dou-me permissão para divertir-me com ela. Não porque eu saiba identificar erros propositais de Sheldon Cooper, nem porque eu digo sim para tudo o que ele faz, mas porque me interessa interpretar dessa forma, e assim vou vivendo. Por exemplo, David Bowie pode fingir dar um chute no traseiro de seu guitarrista que eu tolero. Há todo um contexto ao seu redor que será necessário ele dar muitos chutes para destruir a imagem que faço dele. O que não significa que eu ache essa atitude digna, mas simplesmente porque: todo mundo erra, comete gafes.

Mas talvez ele possa fazer muitas outras bobagens que eu não me importarei. Tudo isso, gostar e não gostar é bastante arbitrário. Nem cotas as pessoas têm: mesmo que a barrinha de vergonha delas extravase, nossos motivos são unidades absolutas, e não funcionam com regras de aritmética. Não é possível subtrair nem somar pontos, e não deixarão de existir enquanto houver razão de ser que os sustente. Eu sei muito bem os motivos que me levam a gostar de Sheldon Cooper, e estão tão dissociados do quão não-engraçado sejam suas piadas que não me importarei.

3 comentários:

Lucas disse...

Que episódio é esse?

Nina. disse...

Por isso que meu instinto me diz, às vezes, para ficar quieta. Mas lá vou eu humilhar minha barrinha de vergonha.

Murilo Munoz disse...

Que nada, a barrinha de vergonha é praticamente infinita, e você pode recuperar seus pontos de vida se mudando para o uruguai.
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O episódio é aquele em que eles começam a se lembrar do momento em que tudo começou e quando Leonard assinou o contrato de inquilinato com Sheldon Cooper, cheio de cláusulas lokas. Daí o Shledon falaa dessa cláusula, e o Leonard fala: mas eu não concordei com ela. Daí o Sheldon responde: Mas eu sim. Hhaha xD