Porque é assim: espero meses pela resposta, em dúvidas agonizantes, vendo brumas em meu destino, a cada momento checando a caixa de correio, que quando finalmente chega, já não há surpresa nem ansiedade que me prema o peito. Se sequer houvesse chegado, acho que nem me importaria. Respostas tardias não adiantam de nada - talvez de consolo em saber que não fui ignorado. Mas, mesmo assim, só é consolo se de alguma forma ainda se espera pela resposta. Quando nem isso, é só um "humpf" que me resta.
De qualquer forma, ali está a água, ali na terceira porta do armário está o alpiste. Alimente esse corvo cansado que me entregou a resposta e deixe que parta. Para essa terra misteriosa de negras torres e vazios guardiões, que talvez seja o limbo, no fim do mundo, onde de tudo se esquece, até mesmo do cansaço. Onde a sua carta tremula desolada presa nos galhos secos de uma árvore morta, e onde seres encapuzados caminham em silêncio pela amurada, sem anseios e sem qualquer interesse pelo horizonte que os espreita.
2 comentários:
Putz... que lindo!
obrigado. volte sempre, nunca faltam cadeiras (estão invariavelmente vazias)
Postar um comentário